“Então,
vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do homem
contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás do vento. O tolo cruza os braços e come a própria carne, dizendo: Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento”.
A lenda do homem mais preguiçoso
que já se viu debaixo do céu e acima da terra. Ao nascer nem chorou. Cresceu o menino na maior preguiça e fastio. Nada de
roça, nada de lida, tanto que um dia o moço se viu sozinho no
pequeno sítio da família onde já não se plantava nada. O mato foi
crescendo em volta da casa e ele já não tinha o que comer. Vai
então que ele chama o vizinho, que era também seu compadre, e pede
pra ser enterrado ainda vivo.
E, depois de muita insistência lá se foi o cortejo. Ia sendo carregado por alguns poucos,
nos braços de Josefina, sua rede de estimação. Quando passou
diante da casa do fazendeiro mais rico da cidade, este tirou o
chapéu, em sinal de respeito, e perguntou: “Quem é que vai aí?
Que Deus o tenha!” “Deus não tem ainda, não, moço. Tá vivo”.
E quando o fazendeiro soube que era porque não tinha
mais o que comer, ofereceu dez sacas de arroz. O preguiçoso levantou
a aba do chapéu e ainda da rede cochichou no ouvido do homem: “Moço,
esse seu arroz tá pronto?” “Tá não”. “Então, segue o
enterro, pessoal”.
Nem o preguiçoso e nem o workaholic
estão no caminho certo. Em tudo na vida a moderação é mais
excelente. Esta é a mensagem oferecida a nós nestes três
versículos. Temos que ser moderados em tudo que fazemos. Aqui temos
a comparação entre o workaholic e o preguiçoso, e, em seguida, o
equilíbrio bíblico entre esses dois extremos. Lemos o seguinte no
versículo 4: “Então,
vi que todo trabalho e toda destreza em obras provêm da inveja do
homem contra o seu próximo. Também isto é vaidade e correr atrás
do vento”. Aqui está sendo feita uma observação
da vida como realmente é. Ao observarmos a natureza e atividade
humana descobrimos que as pessoas competem entre si em tudo.
Normalmente não gostamos de perder em nada que participamos. Nem em jogo de palito. Seguir o
exemplo de humildade de Cristo é algo muito difícil para nós. Não
gostamos de perder porque a derrota fere nosso orgulho. A natureza
humana é competitiva e sempre quer vencer. A declaração deste
versículo é muito forte. “todo
trabalho e toda destreza em obras provêm da
inveja”.
A palavra “todo” poderia ser
traduzida como “cada”. Cada tipo de trabalho e realização. O
ponto é que cada realização é resultado de um desejo de ser
superior aos outros. Seja no trabalho, seja nos estudos, seja nos
esportes e seja na igreja. Vivemos em um constante estado de
competição. Em uma área ou outra queremos ser melhores que o nosso
próximo. Olhe o versículo 4: “toda
destreza em obras provêm da inveja do homem contra o seu
próximo”. Pesquisas indicam que
nove em cada dez trabalhadores sofrem de “inveja
profissional” de colegas que
prosperam em seus empregos. As pessoas não se alegram quando um
colega de trabalho é promovido em seu lugar.
Essa busca para chegar à frente também é verdade em
outras áreas de nossas vidas. Queremos ser mais bem sucedido do que
os nossos vizinhos, amigos e parentes. A roupa que você está usando
agora, princialmente as mulheres, provavelmente não é porque
precisa delas, mas para que as pessoas a vejam com elas. Muitos,
principalmente os homens, não compram um carro zero porque precisam
de um, mas para que sejam vistos pelos outros com um carro zero.
A mensagem que está sendo transmitida aqui é que todos
nós queremos ser notados, queremos ser o centro das atenções.
Portanto, invejamos uns aos outros e competimos uns com os outros.
Admitindo ou não, a rivalidade é uma força motriz em todos
nós. Alguns, quando percebem os males da inveja e da rivalidade, determinam que serão diferentes. Argumentam dizendo não querem ser pessoas gananciosas que pisam nos outros para subirem na vida
não se importando com os meios. No entanto, este é um extremo
perigoso também. Atitudes extremistas nem sempre são saudáveis e
úteis para crescimento espiritual. Temos que ser moderados e mansos
assim como foi nosso Senhor Jesus.
Acompanhem comigo o versículo 5: “O
tolo cruza os braços e come a própria carne”. A
linguagem deste versículo significa que pessoas preguiçosas,
eventualmente, praticam auto-canibalismo. Claro que, Salomão está
sendo sarcástico e está usando uma hipérbole. Ele zomba da
preguiça!
Quando lemos a palavra “tolo” na Bíblia, é natural
supor que o termo significa “idiota” ou “pobre de
inteligência”. Afinal, é isso que a palavra significa. No
entanto, o significado bíblico desta palavra é algo muito pior. Um
tolo é alguém que nega a Deus, ridiculariza a sabedoria divina, e
ri de coisas eternas. Tolice é uma postura teológica, uma
demonstração de desprezo à Palavra de Deus.
Deus quer que os seres humanos
trabalhem, principalmente os da igreja. É por isso que enfatizamos a
importância de uma ética de trabalho piedosa. Acreditamos que todo
aquele que é fisica e mentalmente capaz deve trabalhar. A Bíblia
diz: “se alguém não
quer trabalhar, também não coma” (2 Tss
3.10). Em Colossenses 3.23 diz: “Tudo quanto fizerdes,
fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens”.
A Bíblia é clara quanto a nossa obrigação de representar Cristo
em nosso trabalho.
Versículo 6: “Melhor é um punhado de descanso do
que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento”.
O equilíbrio entre o workaholismo e a preguiça é
o ideal. À primeira vista, parece que os versículos 5 e 6 se
contradizem, no entanto, devemos temos que entender que tanto o verso
6 como o verso 5 é um provérbio.
O trabalho árduo e a proficiência voltados ao lucro
muitas vezes levam à competição e à rivalidade (4:4). Por sua
vez, isto pode resultar em problemas e até mesmo em morte prematura.
(1 Timóteo 6:9, 10) Assim, qual é o conceito equilibrado? Estar
contente com um ganho menor, acompanhado de paz, em vez de dobrar o
lucro, acompanhado de labuta e intriga.
Este não é um argumento a favor da preguiça, mas sim
um encorajamento para termos uma vida equilibrada. Bem-aventurados os
equilibrados! A pessoa sábia percebe que algumas coisas são mais
importantes do que outras coisas, que ter mais dinheiro não
substitui a alegria de passar tempo com pessoas.
Paulo disse:
“aprendi a viver contente em toda e qualquer
situação” (Fl 4.11). O que é
contentamento? Contentamento é entender e aceitar que você tem tudo
que você precisa para o momento. É entender e aceitar que se você
precisasse além do que você tem, Deus lhe daria. O ensinamento implícito aqui é o seguinte: melhor ter menos e aproveitar mais do
que se tornar um workaholic e aproveitar pouco da vida. Nosso maior
problema não é o alto custo de vida, mas sim um custo vida alto. O
maior problema de administração financeira, não é o tanto que
você ganha, mas sim o tanto que você gasta. Queremos mais do que
precisamos. E isso tem cura? Claro que sim. A cura para isso é o
contentamento, estar disposto a se contentar com menos e ter mais
descanso.
O equilíbrio bíblico deve ser nosso alvo em tudo que
fazemos. Nem workaholic, nem preguiçoso, simplesmente trabalhador. O
crente não deve ser nem orgulhoso, nem fraco, simplesmente moderado.
Sigamos o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo.
Use as Setas para Ler Todas a Mensagens do Livro de Eclesiastes!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, pois, sua opinião é importante para nós.