01 abril 2013

Sabedoria Produz Força e Discernimento - Eclesiastes 7.19-29


Nessa porção da Palavra de Deus vemos que a sabedoria é uma forte aliada nesse mundo caído, mas ela por si só não pode proteger os crentes da dor, da injustiça e das circunstâncias ruins. No versículo 19 lemos: “A sabedoria fortalece ao sábio, mais do que dez poderosos que haja na cidade”. A palavra hebraica para sabedoria (Hokmah) se refere à habilidade de viver. Isso envolve tanto a perspectiva de um viver piedoso, quanto o poder divino para viver a vida. Perspectiva e poder são como as duas asas de um pássaro, as duas lâminas de uma tesoura, ou os dois lados de uma moeda. Nenhuma sabedoria existe se não houver tanto a perspectiva como o poder. Vimos no versículo 19 que a sabedoria de Deus é melhor do que cercar-se com os dez homens mais poderosos que você possa encontrar em sua cidade. Alguém disse que se um homem ficasse um ano isolado numa caverna lendo a Bíblia, no final ao sair do isolamento, ele saberia por causa de sua leitura, o que todo mundo estava fazendo. A Bíblia nos dá a sabedoria que precisamos para viver e conviver com as pessoas desse mundo. Não há bênção maior do que a sabedoria divina. Não há maior atividade do que caminhar com Deus e reverenciá-lo todos os dias.

O motivo para tanta reverência está no versículo 20:
“Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que nunca peque”. Em nosso estado caído, todos os atos são contrários aos de Deus. Antes da regeneração vivíamos empenhados em nossas próprias formas do mal. Agostinho disse que a única razão pela qual você acha que um bebê seja bonzinho é por que ele não tem forças suficiente para mostrar-lhe como ele é realmente mal. Ele disse: “Se um bebê tivesse força quando saísse do ventre da mãe, ele agarraria a mãe pelo pescoço e exigiria o seu leite”. O único motivo para sermos regenerado e continuarmos nos santificando é por que Deus fez uma mudança radical em nós de dentro para fora. Jesus entregou a si mesmo como um sacrifício pelos nossos pecados. O Espírito Santo nos convenceu da necessidade de um Salvador, Ele habita em nós e nos constrange com Seu poder.

Nos versículos 21 a 22, encontramos algumas palavras especialmente relevantes e práticas.
“Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas a ouvir o teu servo a amaldiçoar-te, pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros”. Não dê ouvidos às coisas que são falas a respeitos de você, pois mais cedo ou mais tarde você vai se decepcionar. Particularmente é muito mais preocupante quando as pessoas da igreja têm o hábito de falar mal dos outros. A gente fica triste e chocado com aqueles que, intencionalmente ou não, procuram nos prejudicar falando pelas costas. Talvez você já teve essa experiência de ouvir crentes falando mal de você, dói, não é mesmo? As pessoas são falhas. A verdade é que não importa onde você está, quem você é, ou o que você faz, as pessoas vão te abandonar em algum momento. Seus melhores amigos sumirão. Seus colegas de trabalho também. Seus pastores, pais, cônjuge e  também irmãos em Cristo falharão. A verdade é que, cada pessoa que você pode contar nessa vida uma hora ou outra vai falhar.

Como você deve reagir quando souber que falaram mal de você? O conselho que temos aqui nesses versículos é para você não ficar com auto-piedade, porque você sabe em seu coração que você também já falou mal dos outros. “tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros”. Vamos ser honestos. Ficamos chateados quando falam de nós, mas achamos que estamos certos quando falamos dos outros. Aqui temos a famosa regra áurea, trate os outros como gostaria que fosse tratado (Mt 7.12). Falar mal da vida dos outros é muito mais gostoso do que falar bem. Mas, porque? Porque somos maus e adoramos encontrar pessoas que são piores ainda. Por um outro lado falar bem fere o nosso orgulho. Só conseguimos falar bem daqueles que são muitos superiores do que nós em alguma área, mas mesmo assim encontramos falhas nestas pessoas. Uma outra pegunta que temos que responder também é: Como reagir quando as ouvirmos pessoas falando mal de outras pessoas. A Bíblia diz que temos que admoestar uns aos outros. Melhor é o jovem pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que já não se deixa admoestar” (Ec 4.13). “... aptos para vos admoestardes uns aos outros” (Rm 15.14). Somos aptos ou qualificados para encorajarmos uns aos outros a não falar mal do próximo. A razão que a fofoca, a calúnia ou a maledicência continuam na igreja é por que a maioria dos crentes a toleram. Não veem como algo maléfico para o Corpo de Cristo. Um homem disse certa vez: “Nunca me preocupo com as coisas ruins que as pessoas dizem sobre mim, porque eu sei muito mais coisas a meu respeito do que elas pensam, e o que eu sei é muito pior”. A chave para neutralizar fofocas ou difamações é ser humilde e não levar a sério cada palavra que proferem.

Estamos vendo nesta passagem que a sabedoria produz força e discernimento. Vimos até o versículo 22 que por causa da sabedoria recebemos forças para não considerarmos as maledicências.  E dos versículos 23 ao 1 do capítulo 8 veremos que a sabedoria produz discernimento. Nessa seção final, somos advertidos do perigo da loucura. Nos versículos 23 a 24 lemos: “Tudo isto experimentei pela sabedoria; e disse: tornar-me-ei sábio, mas a sabedoria estava longe de mim. O que está longe e mui profundo quem o achará?” Nesses dois versículos, Salomão descobriu que ele não poderia a descobrir. Embora ele tenha procurado a sabedoria com toda a diligência, ele reconheceu que a verdadeira sabedoria estava muito além dele. Ele continuou no versículo 25 dizendo: “Apliquei-me a conhecer, e a investigar e a buscar a sabedoria e meu juízo de tudo, e a conhecer que a perversidade é insensatez e a insensatez, loucura”. Precisamos desesperadamente que Senhor nos mostre seus pensamentos e caminhos.

Mas será que Salomão descobriu alguma coisa? No versículo 26 ele diz: “Achei coisa mais amarga de que a morte: a mulher cujo coração são redes e laços, cujas mãos são grilhões; quem for bom diante de Deus fugirá dela, mas o pecador virá a ser seu prisioneiro”. Há algum mistério em torno da identidade desta mulher. Alguns acham que esta mulher é uma prostituta, outros acham que é uma adúltera. A aplicação então, é para se evitar o pecado sexual. No entanto, provavelmente esta mulher é a personificação da maldade que é uma loucura. Ela é o mesmo tipo de “mulher estranha” de Provérbios 1-9. O ponto é: A tolice é como uma mulher sedutora, tome cuidado com ela, pois ela pode te levar ao desaparecimento. Seja como uma pessoa sábia que se recusa a ser capturada por ela. Seja criterioso enquanto habita neste mundo. Escolha seus amigos sabiamente. A má companhia corrompe os bons costumes.

As palavras misteriosas continuam nos versículos 27 a 29: “Eis o que achei, diz o Pregador, conferindo uma coisa com a outra, para a respeito delas formar o meu juízo, juízo que ainda procuro e não o achei: entre mil homens achei um como esperava, mas entre tantas mulheres não achei nem seque uma. Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”. Estes versículos nos levam a perguntar se Salomão era machista ou misógino (ódio ou desprezo ao sexo feminino). No entanto, quando lemos Provérbios e Cânticos, vemos que este não é o caso. Na verdade, em Provérbios, Salomão muitas vezes personifica a sabedoria como uma mulher. Então, vamos entender logo de início que: Salomão não está fazendo uma comparação relativa sobre o valor dos homens e das mulheres em geral. Isso não seria justo e sua conclusão não seria correta. Mais uma vez ele está usando uma hipérbole para exagerar e ensinar seu ponto. A diferença é mínima apenas de 0,1%. Todo o contexto de Eclesiastes fala que as pessoas nesse mundo e até mesmo os crentes, não levam as coisas de Deus muito a sério. Não levar as coisas de Deus a sério é falta de juízo. A proporção de um em mil é o mesmo que dizer matematicamente que 99,99% dos homens não se importam com as coisas de Deus como deveriam. Essa proporção é tão grande que em grupos pequenos não há ninguém com juízo certo. Seria mais ou menos como a cada mil homens encontrarmos um apóstolo Paulo. Se analisarmos bem como obedecemos os mandamentos de Deus vamos chegar a conclusão que realmente não temos muito juízo.

Somos tão falhos, que se as pessoas nos conhecessem como Deus nos conhece, não teríamos nenhum amigo. A única razão que você é uma pessoa aparentemente agradável as outras pessoas é por que você aprendeu a distinguir entre o que é público e o que é privado, e sendo suficientemente inteligente você mantem seus pensamentos lascivos, odiosos contidos em seu cérebro. Nos seus relacionamentos públicos com as pessoas você aparenta ser uma pessoa agradável. Eu sei que isso é duro de se ouvir, mas somos assim, sem juízo. Somente com um relacionamento íntimo com Deus para podermos pertencer a esse grupo seleto de pessoas e um a cada mil.

A sabedoria traz iluminação. Como você pode obter sabedoria? A principal maneira é ler e prestar atenção na Palavra de Deus. Eu não quero ser um desajuizado, quero ser encontrado entre os mil. Se você e eu quisermos ser sábios, vamos ter que estudar a Palavra de Deus e depois aplicá-la em nossas vidas. Como Salomão disse em Provérbios 1.7: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução”. Que comecemos a dar ouvidos a estas sábias palavras.

Um comentário:

  1. Muito bom, esse artigo...a questão principal da vida cristã é a vida interior...se Cristo de fato habita no coração transformado, o cristão estará no caminho do um entre os mil...

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