“Quem
ama o dinheiro jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca
se farta da renda; também isto é vaidade. Onde os bens se
multiplicam, também se multiplicam os que deles comem; que mais
proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus
olhos? Doce
é o sono do trabalhador, quer coma pouco, quer muito; mas a fartura
do rico não o deixa dormir. Grave
mal vi debaixo do sol: as riquezas que seus donos guardam para o
próprio dano. E, se tais riquezas se perdem por qualquer má
aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão. Como saiu do
ventre de sua mãe, assim nu voltará, indo-se como veio; e do seu
trabalho nada poderá levar consigo. Também isto é grave mal:
precisamente como veio, assim ele vai; e que proveito lhe vem de
haver trabalhado para o vento? Nas
trevas, comeu em todos os seus dias, com muito enfado, com
enfermidades e indignação. Eis o que eu vi: boa e bela coisa é
comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que
se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus
lhe deu; porque esta é a sua porção. Quanto ao homem a quem Deus
conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber
a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque
não se lembrará muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe
enche o coração de alegria.”
Há
alguns anos atrás, um homem de 62 anos de idade foi levado às
pressas ao pronto-socorro com muita dor no estômago, pois havia em
seu estômago uma massa muita densa que pesava em torno de 5 quilos.
O peso era tanto que forçava seu estômago para baixo entre seus
quadris. Os médicos tiveram que operá-lo para retirar de seu
estômago aquele conteúdo pesado, mas infelizmente o homem morreu
alguns dias depois por causa de complicações.
O
mais espantoso nesta história foi o que os médicos encontraram
dentro do estômago. A massa que pesava em torno de 5 quilos não era
um tumor cancerígeno. Aquele homem havia engulido cerca de 350
moedas: o equivalente a R$ 1.200 reais! O médico disse que ele
sofria de uma doença rara que faz com que as pessoas querem comer o
dinheiro.
Talvez
você está pensando: “Isso é simplesmente loucura! Eu não
teria coragem de engolir 1 moeda, 350 moedas então, nem se
fala”. Vamos refletir, pense por um momento e faça uma
varredura em seu estilo de vida. Você está ficando muito tempo
longe da família e da igreja para ganhar mais dinheiro? Você está
deixando de descansar por causa trabalho? Você está trabalhando
bastante por causa de coisas materiais? Muitos de nós, se formos
honestos, teria de responder “sim” a estas perguntas.
Aqui
em Eclesiastes 5.10-20, trata da utilização indevida e abusiva do
dinheiro. Como diz um provérbio de autoria desconhecida: “O
dinheiro é um excelente servo; porém péssimo senhor”. Mas,
antes de para de ler dizendo: “Todos os pastores que eu
conheço criticam o amor ao dinheiro e eu já sei tudo sobre este
assunto”. Uma das convicções que eu tenho é que a
Palavra tem que ser pregada expositivamente. Nenhum assunto dever ser
pulado. E dinheiro é um dos assunto que a Bíblia trata várias
vezes. Dezesseis das trinta e oito parábolas de Cristo lidam com o
dinheiro, o Novo Testamento trata mais sobre dinheiro do que sobre o
céu e o inferno juntos. É um assunto mais falado na Bíblia do que
a oração e a fé. Há mais de dois mil versículos que lidam com
dinheiro e bens materiais. Por que será que a Bíblia fala tanto
sobre o dinheiro? Jesus responde: “onde estiver o vosso
tesouro, estará também o teu coração” (Mt 6.21). Deus
compreende que o uso do dinheiro e bens materiais é um indicador de
nossa espiritualidade. Aqui em Eclesiastes algumas realidades
preocupantes a respeito do dinheiro, além de uma conclusão com duas
verdades profundas sobre Deus.
A
primeira realidade é: Quanto mais temos, mais queremos (Ec
5.10).
Começamos
aqui vendo que o dinheiro não é o segredo para a felicidade. Pelo
contrário, ele é viciante e insatisfatório, acompanhe comigo o
versículo 10: “Quem ama o dinheiro jamais dele se farta; e
quem ama a abundância nunca se farta da renda; também isto é
vaidade”. É importante notar a repetição do verbo
“amar”, pois, entendemos com isso que o dinheiro não é o
problema, mas sim, o amor pelo dinheiro é que está em questão.
Alguém disse: “O dinheiro é um péssimo amante. Quanto
mais você o ama, menos ele te satisfaz”. No entanto, a
maioria de nós é tentada a pensar: Se eu tivesse mais dinheiro,
mais feliz eu seria. Perguntaram a John D. Rockefeller, um dos homens
mais ricos do mundo, quanto dinheiro ele gostaria de ter, ele
respondeu: “Só um mais pouquinho”. Infelizmente,
se admitimos ou não, isso é verdade também para muitos crentes.
Nós desenvolvemos um amor pelo dinheiro deste cedo e sempre queremos
mais. Quem disse isso foi Salomão um dos homens mais ricos do mundo,
então ele sabia o que estava dizendo.
O
problema é que não acreditamos em Salomão. Achamos que seria
diferente conosco. Nós
não iríamos ser miseráveis. Nós não ficaríamos infelizes. Você
acredita que a maioria dos famosos e ricos são contentes? Muitos
nadam em dinheiro, mas são viciados em drogas, álcool, são pessoas
violentas e vivem se divorciando. Tudo em busca da felicidade. A
conclusão inevitável é que correr atrás do dinheiro e bens
materiais também é correr a atrás do vendo!
A
segunda realidade é: Quanto mais temos, mais gastamos (Ec
5.11).
“Onde
os bens se multiplicam, também se multiplicam os que deles comem;
que mais proveito, pois, têm os seus donos do que os verem com seus
olhos?” Pessoas que ficam ricas descobrem que têm muito
mais parentes e amigos do que pensavam. Olha o que diz Provérbios
19.4: “As riquezas multiplicam os amigos; mas, ao pobre, o
seu próprio amigo o deixa”. A mensagem é a seguinte:
Quanto mais grana você tem, mais saqueadores aparecerem. Em outras
palavras, o dinheiro atrai todo tipo de sanguessugas. Banqueiros,
corretores, consultores financeiros, advogados, consultores fiscais,
contabilistas, empregados domésticos, guarda-costas, e parentes
distantes. As pessoas não conseguem cuidar de suas riquezas
sozinhas. Eles são dependentes dos outros. O que é mais irônico em
tudo isso é que ter mais, realmente trás mais problemas do que
solução. Quanto mais coisas tivermos para cuidar, mais do nosso
tempo e dinheiro será exigido. Ficamos ainda mais amarrado. Para
piorar a situação, quanto mais você tiver, mais pessoas haverá
para ficarem ressentidas como o que você tem.
A
terceira realidade é: Quanto mais temos, mais nos
preocupamos (Ec 5.12).
A
riqueza não dá paz ou descanso, pelo contrário, promove insônia
porque os ricos vivem se preocupando em como manter a riqueza que
possuem. “Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco,
quer muito; mas a fartura do rico não o deixa dormir”. Podemos
observar que a pessoa que trabalha e tem suas necessidades básicas
satisfeitas, dorme bem, não importa o quanto ela tenha para comer. O
homem rico é realmente mais inquieto por comer todo tipo de comida,
por ter muitas coisas para resolver em sua vida, e por não conseguir
relaxar. Os bens não trazem paz, eles na verdade trazem mais
preocupação. Os ricos estão sempre com medo de perder o que têm,
enquanto o pobre se contenta com o pouco que tem. Isso é confirmado
em nossos padrões de vida. Você sabia que a principal razão por
que as pessoas não dormem bem é tensão? E a principal causa para a
tensão é a preocupação com o dinheiro. Como Henry Ford disse uma
vez: “Eu era mais feliz fazendo trabalhos mecânicos”.
A
quarta realidade é: Quanto mais temos, mais nós
acumulamos (Ec 5.13-14).
A
tendência dos que têm muito é a de esquecer os que têm
pouco. “Grave mal vi debaixo do sol: as riquezas que seus
donos guardam para o próprio dano. E, se tais riquezas se perdem por
qualquer má aventura, ao filho que gerou nada lhe fica na mão”. O
entesouramento é chamado de grave “mal” (v. 13). No final, a
egocêntrica ganância só conduzirá ao sofrimento do colecionador
de riquezas. A verdade é: nós mostramos o que amamos pelo que
fazemos com o que temos. Se formos generosos, dando à obra do Senhor
e cuidando dos outros, teremos paz. Se optarmos por acumular, vamos
ficar doídos.
O
versículo 14 é muito interessante, pois vemos a imagem de uma
pessoa que passar a vida inteira economizando para o futuro e, em
seguida acontece uma calamidade grave, uma doença, um golpe, um
acidente, talvez uma explosão causada por gás, e tudo vai por água
abaixo. Quanto mais acumulamos mais problemas podemos ter.
A
quinta realidade é: Quanto mais
temos, mais teremos que deixar (Ec 5.15-17).
Estes
três versículos nos lembram que o dinheiro é transitório e
temporal. Como a farinha em uma peneira, o dinheiro desliza por entre
os dedos. Em Eclesiastes 5.15, encontramos a “Verdade Nua e
Crua”: “Como saiu do ventre de sua mãe, assim nu
voltará, indo-se como veio; e do seu trabalho nada poderá levar
consigo”. Este versículo até virou um provérbio popular
que nos lembra de como chegamos neste mundo e como sairemos. Em
Provérbios 23.4-5 diz: “Não te fatigues para seres rico;
não apliques nisso a tua inteligência. porventura, fitarás os
olhos naquilo que não é nada? Pois, certamente, a riqueza fará
para si asas, como a águia que voa pelos céus”.
Todos
os anos, a revista Forbes publica um relatório especial sobre as
celebridades mais remunerados e que já morreram. Em 2007, os cinco
primeiros foram: Elvis, John Lennon, Charles Schulz, George Harrison
e Albert Einstein. Esses homens ganharam muito dinheiro durante a
vida terrena deles e agora suas propriedades estão prosperando após
morte deles, longe de Jesus Cristo tudo é vaidade, pois, você não
pode levar nada consigo. No entanto, o outro lado da moeda é
positivo: Você pode enviar sua riqueza para o céu antes de você.
Jesus nos mandou “acumular tesouros no céu” (Mt
6:20). Como podemos fazer isso? Contribuindo para a obra do
Senhor e sendo uma bênção para os outros, desta forma seu dinheiro
pode sobreviver a você. Por enquanto, nós só precisamos lembrar
que, em termos eternos não há empréstimo pessoal. Em outras
palavras, não somos proprietários de nossas coisas, somos apenas
administradores dos recursos de Deus.
Esta
sessão da Palavra de Deus é concluída nos versículos 16 e 17 com
palavras decepcionantes em relação à busca de riqueza: “Também
isto é grave mal: precisamente como veio, assim ele vai; e que
proveito lhe vem de haver trabalhado para o vento? Nas
trevas, comeu em todos os seus dias, com muito enfado, com
enfermidades e indignação”. Apesar de todo o nosso
trabalho e riqueza, a “Verdade Nua e Crua” é que vamos morrer um
dia e a riqueza fora da vontade de Deus pode provocar tristeza
(lutas, processos, cobiças), doença (stress, úlceras, dores nas
costas) e raiva (amargura, ressentimento).
“O
dinheiro é um excelente servo; porém péssimo senhor”. Bem,
até aqui vimos notícias ruins o suficiente, agora posso dar a boa
notícia. Aqui em Eclesiastes aprendemos que não existe uma
prescrição para alcançarmos a satisfação, a segurança e o
significado para vida. Nos versículos 18 a 20, vemos que a
felicidade verdadeira vem de Deus. Deus é mencionado quatro vezes
nestes três versículos.
Deus
é quem dá o trabalho que temos (Ec. 5.18). Mesmo que você ache que
o trabalho é uma maldição, o trabalho é um dom de Deus. O
trabalho existia antes da queda do homem e o trabalho continuará na
eternidade, podemos dizer que em última análise, o trabalho é uma
expressão de adoração. “Eis o que eu vi: boa e bela
coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho,
com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida
que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção”. Deus dá
trabalho a humanidade como uma recompensa! Isso deve motivá-lo a
expressar gratidão pelo seu emprego. Quando você acordar pela
manhã, agradeça ao Senhor por um coração batendo e pelo sangue
que corre nas suas veias. Agradeça-o por seu trabalho e pela força
que Ele lhe dá para trabalhar.
Deus
é quem dá os bens que temos (Ec 5.19-20). Estes versículos finais
enfatizam a verdade que os nossos bens ou riqueza vem diretamente das
mãos de Deus. Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas
e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e
gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus. Porque não se lembrará
muito dos dias da sua vida, porquanto Deus lhe enche o coração de
alegria”. Vemos nestes versículos que a riqueza não é
algo condenável. A frase chave no (v. 18) é “Deus
conferiu riquezas e bens”. Uma palavra para os que possuem
bens: Aproveite tudo que Deus lhe deu, mas sem deixar as outras
pessoas de fora. Deus é bom e doador de boas dádivas. Queremos que
as boas dádivas que Deus quer nos dar. No entanto, muitas vezes não
estamos dispostos a compartilhar com os outros.
E
concluímos depois de tudo isso com a última frase desta porção
bíblica. “porquanto Deus lhe enche o coração de
alegria”. Deus é o único que pode encher nossos corações
com a verdadeira alegria. Em 2 Timóteo 6.17-19 diz: “Exorta
aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem
depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus,
que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que
pratiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e
prontos a repartir; que acumulem para si mesmos tesouros, sólido
fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida”.
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